Hoje acordei disposta a voltar para meus exercícios diários. A cama estava ganhando da caminhada de mais ou menos 10 x 0, mas eis que tirei forças do âmago e levantei.
Enquanto tomava café o Bom dia Brasil exibiu uma reportagem sobre animais silvestres que morrem nas estradas do país. Mostrou os animais amputados que não podem ser devolvidos à natureza e o crescimento do desmatamento. Logo depois, mostraram uma imagem que não saiu da minha cabeça, tanto que agora estou escrevendo sobre ela.
Na Avenida Brasil, aqui no Rio, quatro cavalos soltos na pista, guardas de trânsito no local desviando os motoristas, mas nem todos estavam conseguindo diminuir a velocidade, quando um vem correndo e BUM, bate no cavalo, o pobrezinho voou e deu “grito” de dor que até agora ecoa na minha cabeça, maldita hora que eu vi aquela reportagem. Eu devia pensar no motorista não é? Mas é que vi que apesar do carro “fudido” ele estava bem, mas o pobre do cavalo não. Vou mudar de assunto porque esse cavalo me deixou realmente arrasada.
Depois do cavalo e do café, fui caminhar. Como de costume quando comecei a ganhar velocidade Zé resolve parar para defecar. Mesmo que eu ande com sacolas para recolher as fezes, ainda me sinto mal quando o Zé caga bem no meio do calçadão de Copacabana, as pessoas que estão ali praticando exercícios sempre olham com uma cara pra mim, como se ali fosse um lugar sagrado, um patrimônio, mas algumas delas olham com uma cara do tipo: Ai que nojo, essa garota pegando essa merda quente!
Eu sei que eles pensam isso, embora ninguém fale.
Mais um pouco de caminhada avisto um tumulto, alguns policiais, um homem sentado no chão algemado, uns “gringos” ao lado. Seria uma cena, infelizmente, comum em nossa cidade se não fosse um inusitado acontecimento. Enquanto eu me aproximava daquela situação, vi uma senhora por volta de seus 60 anos chegando perto dos policiais que aguardavam o carro da polícia chegar para levar o assaltante para delegacia.
A senhora estava com um copo de chá gelado (Mate Leão) nas mãos e com um canudo, ela olhou para os policiais e perguntou: Posso dar pra ele? O pobrezinho deve morrendo de sede!
Sério!!! Ela estava oferecendo um chá para o ladrão, de certo seguraria o copo para ele tomar, já que ele estava algemado. Tadinha da senhora, ela pensou em ser solidária com o bandido, mas nem ligou para os “gringos” que estavam atrás com os olhos estatelados de medo. Não recrimino aquela senhora, porque eu também dei mais valor para o cavalo atropelado, do que para o motorista que poderia ter morrido. Mas acho que ela pensou exatamente como eu pensei em relação ao cavalo, os “gringos” estavam bem, quem ficaria bem mal era o tal do ladrão, que com certeza ia levar muito porrada.
Mas lógico que não poderia deixar de contar a resposta do policial para aquela doce senhora que só queria curar a sede de um bandido:
“Minha senhora, essa merda aqui (tapa na cabeça do ladrão) é um vagabundo, um filho da puta que só merece levar uma surra quando chegar à delegacia, ele assaltou os estrangeiro (ele disse os estrageirO mesmo, não foi eu quem comeu o plural), eu vou ser o primeiro a enfiar a porrada nesse otário (outro tapa na cabeça do ladrão).”
Como eu estava passando e meu objetivo era caminhar continuei, mas agora o “berro” de dor do cavalo e a carinha de decepção da senhora que foi impedida de ajudar o ladrão de gringos não saem da minha cabeça, talvez amanhã eu me esqueça.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário