sexta-feira, 14 de agosto de 2009

A Arte de Falar!


Adoro falar! Gente como eu gosto de falar! Sei que muitas vezes eu deveria escutar mais e falar menos, mas com o amadurecimento estou praticando este meu lado.

Não gosto muito de escutar não, quando a pessoa consegue prender minha atenção na primeira palavra que fala, sou capaz de ouvi-la por mais de 3 horas ininterruptas, mas se eu sinto que não vou me interessar, faço de tudo, menos prestar atenção no que ela fala. Penso em tudo: no tempo, em roupas, viagens, comida, no cara bonito que acabou de passar, menos no que ela está falando.

Sempre foi assim nos meus tempos de escola. O que mais me incomodava na sala de aula era quando um professor falava de um assunto que eu nem amarrada conseguia me concentrar e o resto da turma todo prestava atenção! Ah que martírio pra mim! Tinha que fazer alguém falar, o pior é que sempre conseguia.
Certa vez na sétima série a professora de português Milu, trocou a turma toda de lugar, e me isolou na ultima carteira atrás de um garoto que chamava Hugo, ele parecia mudo. Estudava com ele há uns 3 anos e nunca tinha escutado sua voz. Milu falou: “Vivianne vai sentar atrás do Hugo, quero ver agora com quem você vai conversar!”
Tadinho do Hugo passou a tomar broncas por não prestar atenção na aula, já que eu roubava toda sua atenção pra mim. Não durei 3 semanas sentando naquele lugar.

Mais tarde, no 3° ano, tinha uma professora, também de português, que trocou toda a turma de lugar. Estava ansiosa para saber onde iria me sentar. Ela trocou a turma toda e me deixou no mesmo lugar e depois retornou às explicações. Não resisti e tive que perguntar: “Professora, com licença, você se esqueceu de mim!” Ela respondeu em tom sarcástico: “Você senta aonde quiser Vivianne, pode escolher, não tem lugar que vá fazer você ficar quieta.”

Aquilo me feriu, mas nunca consegui parar de falar. Na faculdade continuou sendo assim, o lado bom é que não tinha mais reunião de pais, então eu não ficava mais de castigo!

Um dia estava com dor de garganta e tive que tomar antiinflamatório, a dor de garganta curou, mas tive uma esofagite. Procurei um otorrino que pediu uma vídeoscopia. Terminada a consulta ele foi prescrever a medicação, mas antes disso perguntou:
“Vivianne, você fala muito não é?”
 Eu fiquei um pouco sem graça e respondi: “Ah mais ou menos, não muito. Só o básico”
E o médico afirmou: “Você fala muito, desde pequena e fala alto também.”
Pensei: “Putz, esse médico agora quer adivinhar minha vida!”
“Tá bom! Como você sabe disso?”
“Pelo enorme calo que você criou nas cordas vocais de tanto falar! Você precisa diminuir significativamente o volume da sua voz e precisa falar menos, se não esse calo pode piorar.”

Que balde de água fria, falar é o que eu mais gosto de fazer na vida! Sério! Como vou viver falando pouco, que graça vai ter!
Tentei seguir a ordens do médico e fui pra casa triste e muda, imaginando como seria minha vida daquele ponto em diante.  

Depois de um tempo chega Nica, minha amiga, que foi tomar café comigo. Ela percebeu que havia algo de estranho comigo e ficou preocupada: “Vivi, você ta triste? Ta sentindo mal? Por que ta tão quietinha?”
Contei a história para ela e disse que estava me policiando para não ficar falando demais. Nica disse que eu não precisava ser extremista e poderia falar um pouco menos, mas não parar de falar, como eu fiz naquela tarde. 

O problema é que para um falador que bebeu água na casca do ovo como eu (culpa da minha avó), falar moderadamente é impossível! Ou você fala muito ou não fala nada. Resolvi arriscar e escolhi a primeira opção! Espero ter sorte para continuar cultivando palavras ao invés de calos. Vamos torcer!

2 comentários:

  1. hahaha..eu que sei dessa sua necessidade. Acho que nunca conseguio te contar uma história inteira. Até porque você sempre tinha um comentário inoportuno a fazer!!

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  2. Dica 1#: Que tal trabalhar em uma agência de publicidade como redatora?

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