Adoro falar! Gente como eu gosto de falar! Sei que muitas vezes eu deveria escutar mais e falar menos, mas com o amadurecimento estou praticando este meu lado.
Não gosto muito de escutar não, quando a pessoa consegue prender minha atenção na primeira palavra que fala, sou capaz de ouvi-la por mais de 3 horas ininterruptas, mas se eu sinto que não vou me interessar, faço de tudo, menos prestar atenção no que ela fala. Penso em tudo: no tempo, em roupas, viagens, comida, no cara bonito que acabou de passar, menos no que ela está falando.
Sempre foi assim nos meus tempos de escola. O que mais me incomodava na sala de aula era quando um professor falava de um assunto que eu nem amarrada conseguia me concentrar e o resto da turma todo prestava atenção! Ah que martírio pra mim! Tinha que fazer alguém falar, o pior é que sempre conseguia.
Certa vez na sétima série a professora de português Milu, trocou a turma toda de lugar, e me isolou na ultima carteira atrás de um garoto que chamava Hugo, ele parecia mudo. Estudava com ele há uns 3 anos e nunca tinha escutado sua voz. Milu falou: “Vivianne vai sentar atrás do Hugo, quero ver agora com quem você vai conversar!”
Tadinho do Hugo passou a tomar broncas por não prestar atenção na aula, já que eu roubava toda sua atenção pra mim. Não durei 3 semanas sentando naquele lugar.
Mais tarde, no 3° ano, tinha uma professora, também de português, que trocou toda a turma de lugar. Estava ansiosa para saber onde iria me sentar. Ela trocou a turma toda e me deixou no mesmo lugar e depois retornou às explicações. Não resisti e tive que perguntar: “Professora, com licença, você se esqueceu de mim!” Ela respondeu em tom sarcástico: “Você senta aonde quiser Vivianne, pode escolher, não tem lugar que vá fazer você ficar quieta.”
Aquilo me feriu, mas nunca consegui parar de falar. Na faculdade continuou sendo assim, o lado bom é que não tinha mais reunião de pais, então eu não ficava mais de castigo!
Um dia estava com dor de garganta e tive que tomar antiinflamatório, a dor de garganta curou, mas tive uma esofagite. Procurei um otorrino que pediu uma vídeoscopia. Terminada a consulta ele foi prescrever a medicação, mas antes disso perguntou:
“Vivianne, você fala muito não é?”
Eu fiquei um pouco sem graça e respondi: “Ah mais ou menos, não muito. Só o básico”
E o médico afirmou: “Você fala muito, desde pequena e fala alto também.”
Pensei: “Putz, esse médico agora quer adivinhar minha vida!”
“Tá bom! Como você sabe disso?”
“Pelo enorme calo que você criou nas cordas vocais de tanto falar! Você precisa diminuir significativamente o volume da sua voz e precisa falar menos, se não esse calo pode piorar.”
Que balde de água fria, falar é o que eu mais gosto de fazer na vida! Sério! Como vou viver falando pouco, que graça vai ter!
Tentei seguir a ordens do médico e fui pra casa triste e muda, imaginando como seria minha vida daquele ponto em diante.
Depois de um tempo chega Nica, minha amiga, que foi tomar café comigo. Ela percebeu que havia algo de estranho comigo e ficou preocupada: “Vivi, você ta triste? Ta sentindo mal? Por que ta tão quietinha?”
Contei a história para ela e disse que estava me policiando para não ficar falando demais. Nica disse que eu não precisava ser extremista e poderia falar um pouco menos, mas não parar de falar, como eu fiz naquela tarde.
O problema é que para um falador que bebeu água na casca do ovo como eu (culpa da minha avó), falar moderadamente é impossível! Ou você fala muito ou não fala nada. Resolvi arriscar e escolhi a primeira opção! Espero ter sorte para continuar cultivando palavras ao invés de calos. Vamos torcer!
hahaha..eu que sei dessa sua necessidade. Acho que nunca conseguio te contar uma história inteira. Até porque você sempre tinha um comentário inoportuno a fazer!!
ResponderExcluirDica 1#: Que tal trabalhar em uma agência de publicidade como redatora?
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