quarta-feira, 22 de junho de 2011

Quebrando as muletas!



Todo mundo tem ou teve alguma dependência na vida. Seja ela financeira, amorosa, química, física...

Se livrar das dependências é mais difícil do que se imagina. Elas sempre deixam vestígios.

Por exemplo, quando você vai almoçar com seus pais. Por mais que você já trabalhe, tenha seu dinheiro, a dependência sempre fala mais alto e você acaba empurrando a conta para seu progenitor pagar, estou errada? São os vestígios de uma dependência financeira de muitos anos, é difícil!
Dependência financeira nem é tanto o problema... O pior é a dependência por dinheiro. Tem muita gente por aí que prefere a morte a ficar sem dinheiro. A pessoa tira dele o sustento pro corpo e pra alma.

A dependência amorosa tem sintomas claros e é mais comum do que se imagina. Todos nós já vivemos isso, alguns com menos e outros com mais intensidade. Mas sempre causa estragos!

Se você já foi um dependente químico sabe que os estragos nessa área também são grandes e que iminência de uma recaída é constante.
Na maioria dos momentos, sejam eles bons ou ruins, você imagina: Putz uma cachacinha agora hein?! Ou então: Poxa se eu tivesse um cigarro!
Cara um baseado salvaria! Quem sabe uma carreirinha!
Tem gosto pra tudo né?

Eu assumo, fui uma dependente química.

Antes que alguém pense que eu fui usuária de pó, crack ou oxi, antes que minha mãe tenha um treco lendo esse post e caia da cadeira, adianto que minha dependência química se limitou ao cigarro. Droga lícita, mas segundo pesquisas destrói e vicia mais que muitas drogas ilícitas!

Faz mais de um ano que abandonei meu grande companheiro, depois do Zé é claro.
Mais que companhia ele me fazia! Não perdia nenhum momento!
Quando não estava em minha bolsa, estava em meu bolso. Passava a maior parte do dia em meus dedos, mas e depois que acabava? Ele continuava em mim, através do seu cheiro... Em meu cabelo, em minha pele, em todas as minhas roupas.

Quando paro pra pensar em todas as marcas de cigarro que eu já fumei, meu pulmão chega a contrair!
Hollywood Azul foi o último que circulou pelo meu cinzeiro, mas antes dele vieram muitos. Foi com seu primo, o Hollywood mentolado, que comecei a fumar. Passei pela fase Free, Malboro Light, algumas vezes Carlton. Muitos e muitos maços de Derby Prata, sempre com aquela ressalva: “Fumo Derby e não sou pedreiro”.
Fumei alguns Dallas, mas era sempre a última opção, praqueles dias que todo o meu dinheiro do mundo eram R$ 0,10. Tenho a ligeira impressão que aquele rato que vem atrás dos maços cigarro, morreu depois de fumar um Dallas. Um amigo meu de adolescência, o Leo, dizia que L&M dava bolha de pus no estômago, confesso que evitava comprá-lo. Do tipo, podia F%$#@ com meu pulmão, mas porque dava bolha de pus no estômago, aí não comprava! Que irônico!

Algumas vezes fumei cigarro do Paraguai, um tal de Palermo. Tempos depois vi uma reportagem que dizia que nesses cigarros, além de toda a porcaria que a gente já tem conhecimento, eram colocados barbantes moídos, mosquitos, baratas... Ai meu pulmãozinho para de contrair, por favor!

Foi difícil abandonar o cigarro. Não sei explicar como foi, mas foi difícil. Nada diferente de abandonar nenhuma dependência.
Conheço pessoas que não conseguiram, foram até a morte com seus vícios. Conheço outras que quiseram adiantar a morte por conta deles.

Tive um amigo na época da faculdade que era usuário de Crack. Ele foi internado algumas vezes. Sempre que eu podia ia visitá-lo. A clínica não era só para tratamento de dependentes químicos, mas para tratamentos psicológicos em geral. Na época da internação desse meu amigo, conheci lá uma mulher que tinha tentando suicídio após o fim de um relacionamento. Conheci também o Gustavo (nome fictício). Um cara muito bacana que também estava internado lá, mas o motivo dele era o crack mesmo.
Gustavo me relatou que se sentia muito sozinho, que só seus pais apareciam na clinica. Ele não tinha mais amigos, a dependência os afastou.
Eu não ia à clinica para visitar Gustavo, mas passei a ir também por ele. Quando meu amigo teve alta, continuei indo. Prometi a Gustavo que eu seria sua amiga.

Em uma das visitas a Tempo de Viver, estava eu confraternizando com os pacientes, comendo a pizza que o pai de um deles havia levado. Quando adentra a sala de visitas um casal religioso. Eles eram de uma paróquia próxima e convidaram os pacientes e seus visitantes para rezar.
Fizemos um circulo na sala. A mulher me olhou e pediu que eu fizesse a leitura. Li um trecho da bíblia e confesso ter ficado emocionada com a situação. Aquelas pessoas precisavam tanto de uma palavra de amor, de esperança. Terminada a reza, as pessoas começaram a se abraçar. Os religiosos se aproximaram de mim. Notei que a cara da mulher era de piedade. Ela segurou em minhas mãos e com lágrimas nos olhos disse:

“Calma minha filha! Deus está no comando das coisas, você vai conseguir!”.

Entendi direito ou fui confundida com um paciente dependente químico? Tive preguiça de explicar a ela que eu estava ali visitando meu mais novo amigo Gustavo, que depois da reza me chamou pra uma conversa reservada. Ele me confessou ter planos pra nós dois quando saísse de lá. Tinha certeza que conseguiria largar o crack se eu o ajudasse! Foi minha última visita à Clínica Tempo de Viver. Não podia incentivá-lo a largar uma dependência e se agarrar a outra. E também porque confirmei minha tese que homem não faz NADA por uma simples amizade!!!

A verdade é que a vida nos oferta muitas muletas e por acharmos o caminho difícil demais, a gente pega várias. Uma escora o lado esquerdo, outra o direito, uma na frente, outra atrás... E de repente a gente não sabe mais o que é encostar os pés no chão. Depois largar quem a gente pensa ser responsável por nos manter em pé é quase impossível!
Embora tenha largado o cigarro, tenho consciência que ainda são muitas às muletas que preciso quebrar!

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Brigas que eu nunca quis ganhar!



Brigar? Imagina nunca foi meu forte. Nunca fui boa de ofensas, pior ainda com a força bruta. Embora tenha feito judô, sou péssima no corpo a corpo.
Nos dois tipos de brigas que eu me envolvia (ou melhor, que me envolviam) eu sempre perdia e saia chorando.
Tenho dois irmãos mais velhos né, apanhei muito deles. Quando não era deles, era dos meus primos. Uma vez Rodrigo e Gustavo me jogaram no chão e me fizeram comer terra. Eu sempre entrava em casa chorando ou porque o João Felipe tinha me xingado ou Rafael me batido ou o Gustavo me esfolado. Mas tenho certeza que nenhum deles chorava quando brigava comigo.
Sou a favor daquele ditado as avessas: “Dou uma boiada par não entrar numa briga e duas boiadas para sair dela”!

Mas como algo no universo conspira... Parece que tudo que você repudia, acaba por atrair.
Eu devia ter uns 15 anos, em um carnaval, estava andando com uma amiga pelas ruas de Valença. Ela havia falado alguma coisa engraçada e eu ri. Em seguida, escutamos uma voz de mulher xingando até minha oitava geração: *&¨%$#@%¨&**&¨%$##, com certeza minha mãe teria ficado ofendida. Mas eu não, achei que não era pra mim. Minha amiga insistiu e disse que era. A pessoa que proferiu tais palavras contra minha querida mãe, aparentemente não gostava de mim, ela namorava um cara que eu já havia ficado. O fato deu passar rindo deu margem para que ela pensasse que meu riso seria para ele, confuso né? Imagina! Ainda estava tudo por começar.

Eu já estava decida a manter aquele episódio encerrado e fingir que tudo não passou de um mal entendido. Foi quando encontrei uma garota, que na época era uma grande amiga, e contei a ela o ocorrido. Ela não fazia aula de artes marciais, mas naquela época ela adorava uma confusão. Pedi que ela deixasse aquele assunto pra lá, mas ela se recusou e saiu atrás de “reforços”.

De repente eu me vi rodeada de meninas que eu nunca tinha visto na vida que diziam: “Vamo enfiá a mão nela”!!!

Deus!!! O que estava acontecendo? Quem eram aquelas? Elas nem me conheciam e pior nem conheciam a garota! Como queriam bater numa pessoa que nunca tinham visto???

Fui sendo empurrada por aquele grupo de meninas que me levaram até o local onde estava a garota. Fiquei nervosa, frio na barriga, vontade de chorar, um monte de gente olhando.

Me aproximei. Todas as meninas me olhando esperando uma atitude macha da minha parte.

 “Fulana, posso falar com você?” Perguntei com as pernas balançando.

“É comigo?” Perguntou a garota

“Sim é com você”! Minha afirmação foi tão educada que parecia que ia convidá-la para tomar um chá.

“Eu queria saber o porquê de você ter me xingado”. Mas na minha cabeça eu pensava, eu não quero saber, não precisa responder, já to indo pra casa!

“Porque você fica arreganhando esse seu sorrisinho pro meu namorado!!!” gritou ela.

Eu queria explicar pra ela que não, que aquilo foi um grande mal entendido, mas antes que eu pudesse falar uma das meninas que estava atrás de mim berrou:

“Mete a mão na cara delaaaaaa”

O namorado da garota a puxou e me pediu: “Não bate nela Vivianne”.  Em seguida o amigo dele disse: “Se for pra brigar vai ter que ser no mano a mano!!!”

Minha cabeça fervilhando pensava: “O que será que é mano a mano?”

“Gente, para, eu não bato nem no meu cachorro, quero sair daqui!” Me esquivei e fui saindo quase sem ser percebida.

Comentários de todos os jeitos, formas e tamanhos surgiram na semana seguinte ao acontecido. Mas parei de pensar naquilo tudo, queria esquecer aqueles momentos... Em um sábado, fui com aquela minha amiga que arrebanhou as meninas que gostavam de briga, a uma boate chamada Barcelona. Era a noite do cupido. As pessoas podiam mandar torpedos umas para outras, o cupido entregaria para o DJ, que os leria. Essa minha amiga foi convidada a ser um desses cupidos. Acabei ficando junto com um garoto que eu tinha conhecido um pouco antes de começar a festa.

Vi que a menina da confusão do carnaval estava lá com seu namorado e os pais dele. Mas como pra mim aquela história já tinha acabado, nem me preocupei.
De repente a música para e o DJ diz:

“Alô Galera!!! Mais um torpedão bombando aqui!
Fulano de tal (nome do garoto que seria o pivô de toda a briga do carnaval). Eu te amo...

Em milésimos de segundos eu pensei: “Nossa que bom que eles estão bem, a namorada dele mandando até torpedo”.

Continua o torpedão:

... Fica comigo, assinado Vivianne”.

O QUE??? QUE PORRA É ESSA??? Pensei eu, pensamos né, porque a namorada dele deve ter pensando a mesma coisa!

Caí num choro desesperado, de nervoso e de medo né, porque eu ia apanhar. Minha reação como sempre foi o diálogo. Me aproximei aos prantos da garota para tentar explicá-la que eu não havia mandando torpedo nenhum. Mas com razão ela queria me enforcar. Gritava para eu sair da frente se não ela iria me arrebentar! E eu? Eu só chorava, esqueceram que numa briga eu só sei chorar?!

Nunca descobri quem foi a pessoa que fez isso. Tiveram especulações na época, mas achei melhor deixar pra lá. Essa minha amiga que estava vestida de cupido tentou “minimizar” a situação e mandou um torpedão resposta:

“Fulano de tal. Você foi enganado, eu não disse nada. Assinado Vivianne.”

Vergonhas e brigas a parte, ainda bem que a memória do brasileiro é curta.

Nada me motiva a uma briga, nem quando me xingam ou me encaram. A única coisa que me faz realmente sair do sério é a injustiça ou então se fizerem alguma coisa com alguém que eu amo. Isso realmente me descontrola.
Trocar ofensas, chutes e pontapés NUNCA é a melhor opção. Esse é uns dos pontos positivos de ser filha de pedagoga. Ela te ensina a pensar, não a lutar! Aprendi que a conversa é sempre o melhor caminho, deve ser por isso que falo tanto! =)