quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A doença e carência

Acho que não existe ninguém neste mundo que goste de ficar doente. Existem os hipocondríacos, mas duvido que exista uma pessoa que sinta prazer em sentir dores de cabeça, náusea, febre, calafrios, dor de garganta com aquela inflamação que não desce nem água, dor de ouvido aguda e mais todos os tipos de doenças que você quiser imaginar.
Eu particularmente odeio ficar doente, mas quando fico pareço uma criança de 2 anos, faço birra para tomar remédios amargos, evito até o último minuto de ir ao médico, choro e digo que to sozinha, que não tenho ninguém pra cuidar de mim e por fim grito que quero a minha mãe!
Além de gripes, infecções de garganta (que me resultou uma cirurgia no ano passado), eu não tive coisas muito sérias. Quer dizer, acho que as duas coisas mais sérias que me aconteceram foram: meu acidente na piscina e minha leishmaniose.
Meu acidente na piscina foi um tanto quanto inusitado, eu tinha 7 anos, era uma semana santa, acho que uma quinta-feira, eu e meus irmãos brincávamos na piscina quando alguma prima minha chegou lá em casa pra buscar não sei o que. Saí correndo para ver quem havia chegado e quando cheguei ao portão ela já tinha ido embora. Voltei correndo pra piscina e minha mãe gritou: Vivianne, pro banho chega de piscina, já está tarde!
Como sempre fui muito “obediente” entrei direto na piscina. Eu não sabia nadar direito, ficava mais agarrada na escada batendo a perna. Quando desci as escadas não sei o que aconteceu, trancei as pernas, na verdade acho que escorreguei e bati com força o meio da perna no primeiro degrau. Preciso contar o que foi que aconteceu? Ta bem preciso! Como diria meu amigo Fernando: Criei uma cloaca, sim senhores, meu períneo se rompeu. Nossa depois de 14 anos ainda é constrangedor contar isso...
Caí dentro da piscina e afoguei, Rafael me tirou correndo, minha mãe e João Felipe quase desmaiaram ao verem a quantidade de sangue. Meu pai chegou logo e me levaram ao hospital, minha mãe desmaiou quando o médico disse que ia me transferir pra Volta Redonda, mas acabei ficando em Valença mesmo. Na hora da cirurgia acabou a luz, meu pai teve que me levar no colo até o centro cirúrgico, apaguei com a anestesia ensinando a língua dos sinais para os enfermeiros e médicos. Depois disso acordei no quarto com minha mãe me olhando, na minha cabeceira tinham presentes que as enfermeiras do Platão haviam deixado pra mim, junto também uma cartinha do João Felipe, dizendo pra eu voltar logo pra casa que ele não agüentava mais de saudades e que ele estava na casa da vovó comendo paçoca e tomando coca-cola. Não fiquei 24 horas no hospital e recebi alta, 14 dias sem poder andar (menos mal pelo menos podia falar). Não me lembro bem, mas devo ter ficado muito carente, devia chorar toda hora e pedir minha mãe... tadinha e não é que ela sempre estava ao meu lado.
Passado todo o susto, tive plena recuperação, tudo no lugar! Uns 4 anos depois apareceu em minha perna uma espinha que foi crescendo e abrindo uma ulcera, descobri então que o mosquito Flebotomos que transmite a leishmaniose havia me picado. Imagina, eu não poderia ter uma pneumonia ou uma diarréia, eu tinha que ter uma leishmaniose. Como o caso deu ter rasgado o períneo, por que não quebrei um braço, como toda criança normal?
Comecei o tratamento, 40 aplicações do remédio diluído em soro, tomei duas séries de 20, um dia sim e outro não, passava por dia umas 2 horas no hospital. Até que minha perebinha fechou completamente, até hoje tenho a marca na minha perna.
Depois que fui morar fora ficar doente ficou ainda mais doloroso, às vezes não tinha ninguém para pegar um copo de água pra mim, então eu só chorava. Quando ia pra faculdade doente então Fernando falava: Ih hoje ela ta carente!
Um dia meu pai chegou à minha casa para me visitar, eu tava com uns 38° de febre e com a garganta toda inflamada, quando olhei pra ele comecei a chorar, ele ficou tão nervoso achando que tinha acontecido algo sério, que chegou a me perguntar se eu estava grávida! Aff coisas do meu pai! Poxa eu só estava carente, precisando ser a paparicada e precisando de carinho. Na maioria das vezes eu ligava pra minha mãe, eu sabia que ela não poderia fazer nada, mas mesmo assim eu ligava. Na faculdade uma vez até uma professora se ofereceu pra cuidar de mim de tanta pena que ela ficou de me ver chorando por estar doente. Mas isso acontecia devido as minhas dores constantes de garganta que cada vez vinham pior, ano passado antes de operar tiver um abscesso, até que chutei o balde e arranquei aquelas amídalas infernais que me fizeram sofrer tanto, depois da operação fiquei fanha por quase dois meses. De lá pra Ca é difícil até deu ter resfriados, minha imunidade aumentou muito. Essa semana estou sinusite viral, segunda-feira fui ao médico, hoje precisei voltar, quase não dormi a noite, tive muita dor de ouvido. Ainda não chorei, nem liguei pra mim mãe! Acho que estou crescendo!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O Cotidiano que marca...

Hoje acordei disposta a voltar para meus exercícios diários. A cama estava ganhando da caminhada de mais ou menos 10 x 0, mas eis que tirei forças do âmago e levantei.
Enquanto tomava café o Bom dia Brasil exibiu uma reportagem sobre animais silvestres que morrem nas estradas do país. Mostrou os animais amputados que não podem ser devolvidos à natureza e o crescimento do desmatamento. Logo depois, mostraram uma imagem que não saiu da minha cabeça, tanto que agora estou escrevendo sobre ela.
Na Avenida Brasil, aqui no Rio, quatro cavalos soltos na pista, guardas de trânsito no local desviando os motoristas, mas nem todos estavam conseguindo diminuir a velocidade, quando um vem correndo e BUM, bate no cavalo, o pobrezinho voou e deu “grito” de dor que até agora ecoa na minha cabeça, maldita hora que eu vi aquela reportagem. Eu devia pensar no motorista não é? Mas é que vi que apesar do carro “fudido” ele estava bem, mas o pobre do cavalo não. Vou mudar de assunto porque esse cavalo me deixou realmente arrasada.
Depois do cavalo e do café, fui caminhar. Como de costume quando comecei a ganhar velocidade Zé resolve parar para defecar. Mesmo que eu ande com sacolas para recolher as fezes, ainda me sinto mal quando o Zé caga bem no meio do calçadão de Copacabana, as pessoas que estão ali praticando exercícios sempre olham com uma cara pra mim, como se ali fosse um lugar sagrado, um patrimônio, mas algumas delas olham com uma cara do tipo: Ai que nojo, essa garota pegando essa merda quente!
Eu sei que eles pensam isso, embora ninguém fale.
Mais um pouco de caminhada avisto um tumulto, alguns policiais, um homem sentado no chão algemado, uns “gringos” ao lado. Seria uma cena, infelizmente, comum em nossa cidade se não fosse um inusitado acontecimento. Enquanto eu me aproximava daquela situação, vi uma senhora por volta de seus 60 anos chegando perto dos policiais que aguardavam o carro da polícia chegar para levar o assaltante para delegacia.
A senhora estava com um copo de chá gelado (Mate Leão) nas mãos e com um canudo, ela olhou para os policiais e perguntou: Posso dar pra ele? O pobrezinho deve morrendo de sede!
Sério!!! Ela estava oferecendo um chá para o ladrão, de certo seguraria o copo para ele tomar, já que ele estava algemado. Tadinha da senhora, ela pensou em ser solidária com o bandido, mas nem ligou para os “gringos” que estavam atrás com os olhos estatelados de medo. Não recrimino aquela senhora, porque eu também dei mais valor para o cavalo atropelado, do que para o motorista que poderia ter morrido. Mas acho que ela pensou exatamente como eu pensei em relação ao cavalo, os “gringos” estavam bem, quem ficaria bem mal era o tal do ladrão, que com certeza ia levar muito porrada.
Mas lógico que não poderia deixar de contar a resposta do policial para aquela doce senhora que só queria curar a sede de um bandido:
“Minha senhora, essa merda aqui (tapa na cabeça do ladrão) é um vagabundo, um filho da puta que só merece levar uma surra quando chegar à delegacia, ele assaltou os estrangeiro (ele disse os estrageirO mesmo, não foi eu quem comeu o plural), eu vou ser o primeiro a enfiar a porrada nesse otário (outro tapa na cabeça do ladrão).”
Como eu estava passando e meu objetivo era caminhar continuei, mas agora o “berro” de dor do cavalo e a carinha de decepção da senhora que foi impedida de ajudar o ladrão de gringos não saem da minha cabeça, talvez amanhã eu me esqueça.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Mentir é feio! Ai ai ai!!!

Alguém já mentiu pra você? Já experimentou a dor de descobrir que tudo aquilo que a pessoa fez você acreditar era de fato invenção?
Muitas pessoas já mentiram pra mim, mas tenho passado uma época de mentiras constantes, convivido com pessoas que querem transformar a própria vida em uma mentira.
Eu lembro de uma vez quando tinha uns 7 anos que falei uma super mentira e paguei caro por isso, digo meu bumbum pagou caro, porque tomei várias chineladas. Estávamos sentados Rafael (meu irmão) e eu no muro da minha casa numa tarde monótona de sábado, quando eu tive a infeliz idéia de levantar e sair correndo gritando: SOCORRO!!! O Rafael caiu do muro!!!! Minha mãe tava na janela olhando a gente e viu que era mentira, mas meu pai estava longe e quase teve um ataque do coração, chegou perto da gente feito um relâmpago e avistou Rafael sentando no muro em plena segurança. Não me lembro quem apanhou primeiro, se eu ou o Rafa, mas me lembro muito bem do chinelo do meu pai, era cinza e tinha um sol desenhado na tira.
Não sei se falei grandes mentiras de lá pra cá, mas acho que nada que pudesse matar alguém do coração como fiz com meu pai naquela tarde. Ah! Também menti muitos anos pra minha mãe dizendo que não fumava, ela diz até hoje que não confia muito em mim por ter mentido pra ela por tanto tempo.
Repare que a mentira tem diversas conseqüências negativas, além de ferir profundamente a pessoa enganada, ela quebra o maior elo de um relacionamento: a confiança.
Não sou uma pessoa de mentir, na verdade não consigo mentir, não digo isso para fingir ser boa pessoa não, porque eu gostaria de saber mentir um pouquinho ou então saber apenas disfarçar meus sentimentos. Não consigo segurar nem risada, nem choro. Não consigo fingir estar feliz ou triste. Não consigo ser simpática com pessoas que não me agradam, e isso muitas vezes me atrapalha, meus sentimentos são muitos expostos a qualquer um e isso faz com que as pessoas reconheçam rapidamente meus pontos fracos.
O fato de não conseguir segurar tristezas, por exemplo, se alguém discute comigo e começa falando mais alto, quando eu vou colocar meu ponto de vista eu choro, fico nervosa de ver aquela pessoa falando alto comigo, não consigo disfarçar que estou triste e abro a boca, das duas uma: ou a pessoa quando me vê chorar se sente uma completa idiota e pede desculpas ou se sente vitoriosa e percebe que é fácil acabar comigo. No caso a segunda opção é a mais corriqueira.
Entendam o que eu quero dizer, não que eu queira saber mentir, não tenho a mínima vontade de virar refém de histórias que não existem, só queria ter mais controle dos meus sentimentos e não deixar que as pessoas me conhecessem com tamanha facilidade.
Não quero ser mentirosa, queria ser misteriosa...

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

A Arte de Falar!


Adoro falar! Gente como eu gosto de falar! Sei que muitas vezes eu deveria escutar mais e falar menos, mas com o amadurecimento estou praticando este meu lado.

Não gosto muito de escutar não, quando a pessoa consegue prender minha atenção na primeira palavra que fala, sou capaz de ouvi-la por mais de 3 horas ininterruptas, mas se eu sinto que não vou me interessar, faço de tudo, menos prestar atenção no que ela fala. Penso em tudo: no tempo, em roupas, viagens, comida, no cara bonito que acabou de passar, menos no que ela está falando.

Sempre foi assim nos meus tempos de escola. O que mais me incomodava na sala de aula era quando um professor falava de um assunto que eu nem amarrada conseguia me concentrar e o resto da turma todo prestava atenção! Ah que martírio pra mim! Tinha que fazer alguém falar, o pior é que sempre conseguia.
Certa vez na sétima série a professora de português Milu, trocou a turma toda de lugar, e me isolou na ultima carteira atrás de um garoto que chamava Hugo, ele parecia mudo. Estudava com ele há uns 3 anos e nunca tinha escutado sua voz. Milu falou: “Vivianne vai sentar atrás do Hugo, quero ver agora com quem você vai conversar!”
Tadinho do Hugo passou a tomar broncas por não prestar atenção na aula, já que eu roubava toda sua atenção pra mim. Não durei 3 semanas sentando naquele lugar.

Mais tarde, no 3° ano, tinha uma professora, também de português, que trocou toda a turma de lugar. Estava ansiosa para saber onde iria me sentar. Ela trocou a turma toda e me deixou no mesmo lugar e depois retornou às explicações. Não resisti e tive que perguntar: “Professora, com licença, você se esqueceu de mim!” Ela respondeu em tom sarcástico: “Você senta aonde quiser Vivianne, pode escolher, não tem lugar que vá fazer você ficar quieta.”

Aquilo me feriu, mas nunca consegui parar de falar. Na faculdade continuou sendo assim, o lado bom é que não tinha mais reunião de pais, então eu não ficava mais de castigo!

Um dia estava com dor de garganta e tive que tomar antiinflamatório, a dor de garganta curou, mas tive uma esofagite. Procurei um otorrino que pediu uma vídeoscopia. Terminada a consulta ele foi prescrever a medicação, mas antes disso perguntou:
“Vivianne, você fala muito não é?”
 Eu fiquei um pouco sem graça e respondi: “Ah mais ou menos, não muito. Só o básico”
E o médico afirmou: “Você fala muito, desde pequena e fala alto também.”
Pensei: “Putz, esse médico agora quer adivinhar minha vida!”
“Tá bom! Como você sabe disso?”
“Pelo enorme calo que você criou nas cordas vocais de tanto falar! Você precisa diminuir significativamente o volume da sua voz e precisa falar menos, se não esse calo pode piorar.”

Que balde de água fria, falar é o que eu mais gosto de fazer na vida! Sério! Como vou viver falando pouco, que graça vai ter!
Tentei seguir a ordens do médico e fui pra casa triste e muda, imaginando como seria minha vida daquele ponto em diante.  

Depois de um tempo chega Nica, minha amiga, que foi tomar café comigo. Ela percebeu que havia algo de estranho comigo e ficou preocupada: “Vivi, você ta triste? Ta sentindo mal? Por que ta tão quietinha?”
Contei a história para ela e disse que estava me policiando para não ficar falando demais. Nica disse que eu não precisava ser extremista e poderia falar um pouco menos, mas não parar de falar, como eu fiz naquela tarde. 

O problema é que para um falador que bebeu água na casca do ovo como eu (culpa da minha avó), falar moderadamente é impossível! Ou você fala muito ou não fala nada. Resolvi arriscar e escolhi a primeira opção! Espero ter sorte para continuar cultivando palavras ao invés de calos. Vamos torcer!

terça-feira, 11 de agosto de 2009

O cãopeta na Praia do Diabo...

Escrever sobre Zé mais uma vez vai ficar chato? Vai parecer que eu não tenho outro assunto na vida? Mas embora eu passe apuros com as confusões que ele apronta, eu gosto de falar e escrever sobre ele.
A maior paixão da vida do Zé, depois de mim, banana e osso de canela de boi, é a praia. Ele sabe quando vai pra praia, é só me ver pegar o biquíni, que ele lati. Nossa, e como lati! Lati sem parar até a hora de sair, depois vai me carregando pela rua. 

Quando nos aprimamos da praia o solto da coleira, até porque se eu não soltar ele comete suicídio. Zé puxa tanto que fica com língua roxa e os olhos vermelhos!
Quando ele se solta da coleira é uma disparada total, geralmente ele pega um côco no caminho e volta pra me mostrar, mas vem correndo tão rápido pra cima de mim que tenho que posicionar o joelho, para que ele não me derrube.

Ele chega à praia e vai direto por mar, antes de cair na água joga areia em alguém ou derruba alguma criança. Teve um dia que ele passou com tanta velocidade ao lado de garotinho, que só o vento derrubou o pobrezinho. Nessas situações eu me faço de desentendida e finjo que não conheço aquele cachorro louco, ainda faço cara de reprovação: de quem é esse cachorro mal-educado gente!

Dentro d’água Zé faz a festa. Fura todas as ondas, sejam grandes ou pequenas, ele se joga, parece até que quer se matar. Depois sai da água, se joga na areia e se esfrega por cerca de uns 5 minutos.
Todos na praia já o conhecem: “Ih gente olha quem chegou! É o Zé!” “Ele é hiperativo!” “Não ele só é agitadinho” e começam rir. 
Todos o conhecem não só pela sua simpatia, mas pelo fato de me ouvirem gritar seu nome a todo o momento!

“Zé não faz xixi na bolsa dela! Zé não come areia! Zé não pula nele! Zé deixa a garota comer o biscoito em paz! Zé esse brinquedo é de outro cachorro, solta! Zé sem brigar! Zé sai de cima mim! Não fura a canga dela Zé!”, até que eu me canso de gritar e volto com ele pra casa.

Um dia cheguei à praia e tinha uma Dona na beira do mar molhando os pés. Zé brincava com outro cachorro e quando ele começa a correr perde a noção de espaço e se debate nas coisas e nas pessoas. Não deu outra, ele não percebeu que estava indo de encontro à parte de trás do joelho da dona, conclusão: ela caiu! Feito uma jaca ela desabou na areia, não sei se machucou de verdade ou ela fez cena porque o marido dela começou a rir, mas o fato é que ela gritou muito, como se tivesse torcido o pé, eu saí rapidamente de perto.

É por esse e outros motivos que fico tensa quando levo Zé à praia, além disso, ele briga com alguns cachorros machos e isso me deixa muito nervosa, os donos dos outros cachorros ficam com raiva de mim.
Domingo passado, estava conversando com a Beth, uma frequentadora assídua da Praia do Diabo (praia dos cachorros), dona da cadela Princesa. Disse a ela que o Zé me deixa muito nervosa pelo seu comportamento, que eu sou a única pessoa que precisa gritar o nome do cão toda hora. Ela me olhou e disse: “Você deixa o Zé tenso, você fica tão nervosa com medo dele fazer alguma coisa que ele acaba fazendo, olhe pra ele, é só ele se aproximar de alguém e você começa a gritar, ele fica nervoso e acaba fazendo besteira”.

 Depois de escutar aquilo tudo, fiquei só observando o comportamento do Zé, não gritei e fingi nem olhar pra ele... Em menos de 5 minutos do discurso da Beth, Zé deu uma bela mijada na bolsa de uma mulher que estava ao nosso lado. Com muita vergonha peguei meu Cãopeta e o levei embora da praia do Diabo.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Desastrada, sexy ou coisa parecida?

Dia desses encontrei uma comunidade no Orkut chamada “Garotas Desastradas”.  Sua descrição falava do lado bom der ser desastrada, mesmo que pra mim não exista um lado bom. A responsável pela página jurava que atrás de todos os tombos e das coisas que já quebramos, se escondia uma sensualidade incrível! Será?
Sou desastrada, desatenta e estabanada, assumo.

Odeio quando as pessoas falam: “Vivi, segura isso aqui pra mim, mas cuidado para não quebrar!”
Por favor!!! Não peçam para eu tomar cuidado com alguma coisa, porque provavelmente ficarei nervosa e deixarei cair. O fato de ficar pensando que tenho que tomar cuidado me distrai e eu acabo fazendo M.
A casa que eu morava no Paraná tinha instalação elétrica de 220 volts, nossa geladeira era 110 volts, por isso usávamos um transformador de energia que ficava ligado a uma extensão. Num “belo” dia, a diarista me pediu uma extensão para poder passar a roupa, como não achei outra, retirei a extensão da geladeira e a deixei desligada. Só não poderia ficar desligada por muito tempo, porque o freezer estava lotado e os alimentos poderiam descongelar, mas Salete, a diarista, disse que seria rápida.

Quando Salete terminou de passar as roupas, me chamou para religar a geladeira.
Estava tranqüila, certa de que conseguiria, já que no transformador vem escrita a parte que é 110 e parte que é 220, qualquer criança saberia religar aquela geladeira sem causar um curto circuito. Mas eis que bem na hora que eu ia religar, Salete diz: "Toma cuidado Vivi!"
"Ahhhhhhhhh droga! Porque ela disse isso?"

Fiquei nervosa, insegura, mas mesmo assim continuei focada no transformador. Pronto, vou enfiar na tomada. Assim que religuei escutei um barulho mais ou menos assim: “Tum, Tum, Tum, fiuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu”, nunca havia escutado aquele barulho, a geladeira ligou e desligou sozinha! Voltei ao transformador e falei pra Salete:
 “Ué eu liguei certo, não sei o que está acontecendo.” Coloquei na tomada novamente, “Tum, Tum, Tum, fiuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu” e a geladeira não ligou mais. 

Eu troquei as tomadas do transformador e acabei ligando a geladeira 110 no 220 mesmo. O pior não foi isso, as luzes também não acendiam mais, duravam segundos acesas e depois fiuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu, apagavam, o mesmo aconteceu com a TV, com o computador e com a máquina de lavar.

Além de ter queimado um fusível da geladeira, danifiquei a instalação elétrica da casa. O funcionário da Força e Luz disse que o que eu fiz foi muito perigoso. Tudo culpa da Salete!

Não consegui dormir a noite, a geladeira ficou descongelando a noite inteira e eu pensando que tudo que estava lá dentro iria estragar. Pensava também na bronca que ia levar dos meus pais e dos meus irmãos: "Vivianne! Você não presta atenção em nada!"

Foi a mesma coisa que ouvi da minha mãe quando tropecei no fio da televisão e a derrubei de cara no chão, destruindo toda a parte da frente. Minha mãe chegou ao meu quarto, olhou pra mim, olhou pros cacos de vidro no chão, balançou a cabeça e disse: "Você não presta atenção em nada!" Na verdade, ela disse isso num tom de voz bem alto...

Recentemente estava limpando minha casa e resolvi colocar as cadeiras em cima da mesa, que tem uma tampa de vidro, ou melhor, tinha, porque quando retirei a primeira cadeira, a tampa de vidro foi pro chão! Parecia uma bomba, se espatifou em milhões de pedaços. Na hora eu imaginei a minha mãe gritando outra vez: "VIVIANNE!!! VOCÊ NÃO PRESTA ATENÇÃO EM NADA!!!"

Quanto à sensualidade incutida em meninas desastradas, tomara que exista realmente. Assim quem sabe a utilizo para pleitear descontos na hora de pagar os prejuízos!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Zé o Cãopeta...


Para inaugurar esse meu besteirol, resolvi escrever em homenagem aquele que tem sido um dos meus mais fieis companheiros dos últimos tempos. Não tenho a pretensão de fazer cópia de nenhum livro ou de estórias já contadas. Só gostaria de compartilhar com as pessoas as peripécias de um animal que a primeira vista parecia um cão, mas que com o passar dos anos foi se transformando em um.... Em um... Em alguma coisa de difícil explicação.
Sempre fui louca por animais, mas cachorro sempre foi meu ponto fraco. Na infância cheguei a ter 8 cachorros ao mesmo tempo. Brincava com eles, conversava com eles... Antes que as pessoas questionem, eu também brincava com crianças, mas tinha um tempo do meu dia dedicado aos meus cachorros.
Com o passar dos anos, e com o passar dos cachorros que eu tive, fiquei apaixonada ao descobrir a existência da raça Golden Retriever. Para quem não conhece é a mesma raça do Pink, cachorro da Punk.
Fiquei com a idéia fixa que assim que terminasse a faculdade compraria um cachorro desses, não sei se por sorte ou por azar, encontrei uma pessoa tão maluca quanto eu, que topou criar um cachorro que chega a 61 cm e pesa 40 kg dentro de um apartamento de 38 m2.
Quando compramos o Zé, mais conhecido como cãopeta, ele era uma super bolinha de pelo. Conforme definiu uma estranha que passava pela rua: “Nossa, que fofo, parece um ursinho das lojas americanas!!!”
Sim senhores! Ele era um fofo, carinha de pidão e se comparado aos outros filhotes à venda, era o mais quietinho. Não latiu, só ficou abanando o rabinho e olhando para gente... “Aaaahhh é esse aqui que eu quero moça!”
O primeiro dia em casa foi super tranqüilo. Espalhamos jornais por todo o apartamento e Zé aprendeu rapidamente aonde tinha que fazer suas necessidades. Só não aprendeu que depois de fazê-las, não poderia rasgar todo o jornal e pintar as paredes com suas fezes.
Ele também não aprendeu que o controle remoto não era brinquedo e que as pilhas não eram mastigáveis. Ele não aprendeu que não podia comer meu celular novo, nem comer as paredes, nem o rodapé, quanto mais meu puff verde que eu adorava. Ele não tinha o direito de comer minha cama, nem meu colchão, muito menos de comer o sofá que nem nosso era.
Mas falando assim parece que Zé não é um Golden Retriever, pois se trata de uma raça muito inteligente!
Lógico que ele aprendeu muitas coisas: aprendeu logo na primeira semana a sentar e dar a patinha. Só não aprendeu que na hora da novela não pode sentar na minha frente e ficar colocando a pata no meu rosto. Na verdade, ele sabe fazer as coisas, só na sabe a hora certa de aplicá-las.
Nesses dois anos de convivência com esse monstro da tazmânia, acumularam-se muitas histórias engraçadas, tristes, vergonhosas, mas vou postando aos poucos.
Por enquanto vocês fiquem com a imagem que mais resume o temperamento insano do meu cão...