“O ser humano se adapta a tudo.”
Alguém em algum lugar do tempo ou do espaço proferiu essa sábia afirmação.
Talvez a gente se adapte ou talvez a gente se acostume. Talvez a gente suporte ou talvez a gente se engane.
Quando a dor chega e parece que vai te matar, porque já te pisou, te cuspiu e te esfolou, vem gritando lá dentro uma força meio no estilo He-Man, que começa a espantar, um a um, os males que nos atormentam.
Pra quem acredita, como eu, essa força chama-se Deus. Pra quem não acredita, podemos chamar de... De força.
Movida por Deus, pelo cérebro, pelo coração ou pelos instintos, a força nos faz carregar a dor por longas estradas esburacadas.
Não sou a pessoa mais indicada para falar de força, muito menos no quis diz respeito à força física. Um exemplo disso foi a cena um tanto quanto inusitada de Fernando e eu carregando uma cama box, pelas calçadas da Nossa Senhora de Copacabana. É lógico que ele fazia mais força que eu. De 2 em 2 minutos eu arriava a cama no chão, meus braços pareciam que iam descolar do corpo. Os homens parados na calçada e os porteiros de plantão olhavam para Fernando com cara de ódio. Um deles chegou a se manifestar: “Carrega isso nas costas irmão!”
Mal sabiam eles que Fernando estava fazendo um favor pra mim. Já que a cama era minha.
Fiquei dois dias com meus braços doendo, com pouca força até para levantar o garfo.
Acho que preciso voltar pra academia, quem sabe de 5 em 5 kg vou ficando mais forte.
Que pena que a força física não adianta de nada, quando nosso corpo nos exige uma força emocional. Se adiantasse, os professores de educação física seriam riquíssimos!
Outra coisa boa seria se pudéssemos, assim como Fernando me ajudou a carregar a cama, dar uma “força” para nossos amigos e ajudá-los a carregar a dor que sentem. Já viu uma pessoa sofrendo e quis tirar a dor dela de qualquer jeito? Ou pelo menos ajudá-la a carregar aquele fardo?
“Vamos amigo, segura naquela ponta da tristeza que eu seguro nessa e juntos atravessamos essa Avenida”.
Seria tão mais fácil! Reduziria muito aquela sensação de impotência que nos dá quando não podemos fazer absolutamente nada pelo sofrimento do outro.
Se bem que às vezes um colo, um abraço ou apenas emprestar os ouvidos para que ele derrame seu coração, já é como ajudá-lo a carregar uma cama box.
Vejo por aí pessoas que passam por todo tipo de coisas ruins e aguetam firmes sem derramar uma lágrima. Eu as admiro, porque sou muito chorona. Choro quando sinto dor, quando fico triste, quando me emociono.
Chorar pra mim é tão fácil quanto rir. Choro relendo cartas, vendo fotos, ouvindo músicas, vendo filmes então!
Chorei em todos os filmes do Beethoven, aquele o magnífico! Choro vendo novelas e filmes idiotas de comédia romântica. Chorei muito lendo Marley & Eu, olhava pro Zé pequeninho deitado no pé da cama e me acabava. Me debulho em lágrimas também na cena de Armageddon, quando o pai dela vai morrer, o ápice do chororô é na hora que a música chega no refrão:
I don't wanna close my eyes, I don't wanna fall asleep, 'Cause I'd miss you, babe…
Meu inglês embolado se embola as lágrimas e nem cantarolar consigo direito.
Minhas forças sempre desmoronavam quando assistia Cinema Paradiso, será que só eu chorava quando o cinema pegava fogo?
Logicamente o fato de eu ser chorona, emotiva, bobona de carteirinha, não significa que eu seja fraca. Até porque como dizem, a gente só conhece a força que guardamos dentro de nós, quando algo a impulsiona para fora.
Quando eu caí na piscina e tive que ser operada, acabou a luz do hospital e por pouco meu pai não teve que me carregar no colo por 10 andares, sorte a dele e de seus braços que a luz voltou. Ele disse que iria à Lua comigo nos braços e olha que meu apelido (bullying) familiar, era chumbinho! Ele precisaria de muita força pra me levar à Lua!
Já minha mãe nunca disse que iria à Lua comigo no colo, mas sempre repetiu que teria força de 5 leões se fosse para defender seus filhos, embora ela tenha apenas um metro e meio!
Me parece que o peso do amor impulsiona todas as forças e elas nos fazem aguentar qualquer tipo de tormenta e, ainda assim, sair inteiros da tempestade, mesmo que saiamos bem molhados e com pneumonia daquelas!
OBS: Este post é dedicado a Giullia, uma menina muito forte, que usa o grande amor que carrega em seu coração, como fonte de energia para toda sua força!
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