quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Vigiado por vizinhos fofoqueiros!

Segundo o dicionário a palavra vizinho significa: “Indivíduo que reside perto de nós”, mas na minha humilde opinião alguns vizinhos significam: “Vigilantes por 24 horas”!

Da minha fase de criança até meus 16 anos minha vizinha sempre foi a vovó. E não que ela seja fofoqueira, longe disso, mas ela estava sempre zelando pelo bem estar dos netos. Logo, qualquer berro mais elevado ou grito de dor o telefone tocava e era ela querendo saber o que estava acontecendo. Com certeza era Rafael batendo em João Felipe ou João Felipe batendo em mim ou Rafael batendo em nós dois!
Às vezes o problema esquentava tanto que eu mesma ia até a casa dela pedir ajuda: “Vovó me ajuda, o Rafael quer me bater!!!”, e como uma boa avó e vizinha, minha mãe ficava sabendo de tudo quando chegava do trabalho.

Quando mamãe e eu mudamos para o apartamento depois que todos se mudaram para o Paraná, tive vizinhos estudantes. Não me lembro o nome deles, sei que faziam Medicina. Um dia, em um carnaval, chegando as 7 da manhã de um Bloco do Pijama em Rio preto, fui tentar, educadamente, ajudar meu vizinho a abrir a porta do apartamento, porque ele não conseguia! Infelizmente eu também não consegui, não acertava o buraco da fechadura de jeito nenhum, éramos dois bêbados no corredor rindo um da cara do outro.

Mas vizinhos, desses que honram o cargo de vizinhos, ah esses só tive no saudoso e pacato bairro da Vila Carli, na cidade de Guarapuava – PR. Tenho certeza que ninguém teve ou terá vizinhos como os meus!

As casas tinham muros baixos, logo podíamos ver todo o quintal de nossos vizinhos e eles o nosso. Muitas vezes eles enxergavam dentro de nossa casa. Como era o caso da minha vizinha de fundos, que não podia me ver na cozinha e corria pra bater papo.

Na primeira semana morando lá escuto palmas no portão, era Felipe, um dos 4 filhos do Sr. Odilon da casa da frente.
“Tarrrdeee”, disse o garoto com seu sotaque paranaense, “Tem 3 ovo pra emprestar?”. Sim ele disse 3 ovo!

Me perguntei, por um momento, quem era aquela criança ali parada me pedindo ovos e antes que eu pudesse perguntar ele disse que morava na casa da frente e a mãe dele estava precisando “dos ovo” para um bolo. Como política de boa vizinhança dei os ovos a ele. Mas gente!!! Como aquela mulher fazia bolo, toda semana Marcelo (o filho caçula) e Felipe batiam  lá em casa atrás de 3 ovos, tava quase criando uma galinha!

Marcelo também é muito inesquecível! Ele adorava falar meu nome, gritava o dia todo VIVIANEEEEE e quando estava com seus amiguinhos obrigava a todos a gritar meu nome, quem não falasse comigo tomava cascudo dele: “Fala oi com a ViviannEEE”, dizia ele irritado.

Quando lançaram as figurinhas de cachorro da Elma Chips, tive a infeliz idéia de dar ao Marcelo algumas, ah se eu pudesse voltar atrás, parece que estou escutando aquela  voz fininha gritando no portão:

ViviannEEEEE, tem figurinha do cachoRo pra dá???


Pior foi ele espalhar para as crianças da rua que eu ViviannEEEE, tinha muitas figurinhas de cachoRo pra dar!

Eu chegava da faculdade tensa e logo vinham 4 ou 5 crianças junto com o Marcelo gritando atrás de mim.

Um dia ele estava lá em casa brincando com Hera e Gioconda (cachorras do Rafa) e perguntou se elas tinham PURGA, porque o cachorro dele estava com PURGA.

Fiz aquela cara de Meu Deus, o que esse menino está falando?! É cachoRo, é Purga...
“Marcelo querido, por favor, não é purga que se fala, é pulga! Repete comigo PULGA!”

E Marcelo com muita propriedade respondeu: “Você está errada ViviannEEE, Pulga é uma coisa, Purga é outra”

Vivendo e aprendendo com Marcelinho, purga para eles é bicho-de-pé!

Sr. Odilon (que Deus o tenha) chefe daquela engraçada família, passava o dia todo sentando em um sofá na varanda olhando pra minha casa. Acompanhava quem entrava e quem saia, todas as brigas que tínhamos etc.
Numa tarde, bate a nossa porta um vendedor de panelas. Rafa se interessa por uma delas e resolve comprar. Sr. Odilon se aproxima, observa o ato da escolha e da compra da panela e mantém os olhos fixos em Rafael, que acaba perguntando: “O que você quer?”

Sr. Odilon sem titubear solta:

“Por que ao invés de comprar panelas, você não compra blusas e para de pegar as roupas de seu irmão?”

Gente, só uma coisa a dizer: Vigiados por vizinhos fofoqueiros!

Para fechar com chave de ouro não poderia faltar a loura da esquina, ela trabalhava numa casa noturna, dessas de mulheres de família, sabe?

Eu estava colocando o lixo para fora e ela estava passando. Ela ficou parada me olhando e começou a acompanhar meus movimentos, abaixei para colocar o lixo no chão e ela abaixou junto, não queria, mas tive que perguntar: “A senhora precisa de alguma coisa?”

Ela deu uma risada sem graça e disse: “Minha amiga disse que um dia você ainda me bate”.

Jesus! Que droga havia tomado aquela mulher? Ou será que fazer muito sexo em uma noite só da algum tipo de onda?

“Desculpe, não estou te entendo”, disse eu já abrindo o portão para entrar em casa.

“Eu acho o seu marido muito bonito e as vezes olho pra ele, mas é só amizade. Aí minha amiga disse que qualquer dia você vai me bater”, disse a loura de família.

“Marido? Eu? A qual dos meus irmãos você está se referindo: João Felipe ou Rafael?”

“O Rafa é seu irmão? Oba!!!” saiu a loura saltitante.

“Boa Tarde para você também vizinha e boa sorte com o Rafa” disse eu fechando o portão!

Saudosa Vila Carli!

Hoje em dia posso parafrasear Zezé Di Camargo e dizer:

“Meus vizinhos eu nem sei quem são”! Sorte ou azar???

Acho que é sorte, os porteiros já cumprem o papel de vizinhos com muita competência!

Um comentário:

  1. Escritora? Gostei... também tenho saudades de vizinhos bons. O meu é um porre, pois tudo que deixo na área, ele fala que vai dar dengue. Acho que até cuspe, no chão, pra ele é passível de ser um criadouro de dengue.

    Beijosss!!

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