quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Nada é tão ruim, que não possa piorar...

Outro dia indo para o trabalho presenciei uma cena de dar pena. Um homem pedalava sua bicicleta, que estava pesada, cheia de mercadorias, embaixo de um sol de (embora fosse manhã) de uns 30°. De repente, ele perde o equilíbrio e caí da bicicleta e por conseqüência toda sua mercadoria também. O problema é que ele estava no meio de uma pista de mão dupla e a maioria dos carros não pararam pra esperar o pobre homem recolher suas coisas.
Assim é a vida! Nada é tão ruim, que não possa piorar...

Uma vez João Felipe e eu combinamos uma festinha, minha mãe ia para uma festa e a casa seria nossa. Todos os convidados tinham idade entre 14 e 16 anos, com hormônios em ebulição e nada na cabeça.
Compramos comidas, vodkas, cervejas, vinhos e tudo mais que tivesse álcool, juro que por minha “sorte” não bebi aquele dia!
Já citei aqui sobre o babalorixá da minha mãe não é? Ela nos disse que chegaria de madrugada e surpreendentemente retornou às 23:30h. A primeira coisa que ela viu quando abriu a porta da sala foi um casal se beijando no canto da estante, mas ufa, deu tempo do João Felipe isolar todas as garrafas de bebida para o terreno baldio que ficava ao lado da nossa casa. Pronto! Era uma festinha de adolescentes com comidas e refrigerantes, todo mundo disfarçando: “Oi Tia, tudo bem?”, “Pois é mamãe, resolvemos reunir o pessoal pra comer alguma coisa aqui em casa”.

Embora minha mãe tivesse com a maior cara de desconfiada, tipo policial quando ta dando uma “dura”, tudo corria bem, até... Até uma das minhas amigas começar a vomitar no banheiro de empregada! Ainda estaria tudo certo, uma pessoa passar mal é absolutamente normal, até... Até outra amiga minha vomitar na varanda... A coisa estava piorando, mas quem sabe poderíamos dizer a mamãe que elas haviam bebido na rua, antes de chegarem a minha casa, até... Até outra amiga desmaiar no meu banheiro de tanto vomitar, ela teve que ser retirada no colo de dentro do box , era praticamente um coma alcoólico.
Tudo já estava péssimo, o frio corria pela espinha, a cara da minha mãe já dava vontade de sair correndo, mas ela entenderia aquilo tudo até... Até acabar a água da minha casa... Todos os banheiros vomitados, varandas vomitadas, João Felipe e eu enchendo baldes de água na piscina para tentar limpar um pouco do caos, até... Até que minha mãe acha uma garrafa de vodka embaixo da mesa. Sua fisionomia ficou tão estranha, odiava ver aquela cara, do tipo seu castigo será eterno, tudo bem que nunca foi. Minha mãe nunca nos castigou, como pedagoga sempre achou melhor conversar, mas a cara que ela fazia já era um castigo. Aquela cara do tipo decepção eterna... No dia seguinte acordamos cedo para recolher a bagunça, João Felipe foi para o terreno baldio recolher as garrafas de bebida que foram, sem exceção, direto pro lixo!

Um dia peguei com carona com meu ex-namorado pra ir a Valença, pegamos carona, porque fomos Zé e eu. Ele estava com um carro cheio de problemas, que havia comprado para revender em Valença. Quando nos encontramos ele havia acabado de trocar o pneu do carro e disse: “Tomara que não fure outro porque estou sem macaco”.

Como carona a gente não questiona, entrei no carro com Zé e lá fomos nós. Pegamos um engarrafamento monstro da Lagoa até Nova Iguaçu, mas pelo menos o carro andava. Estávamos na Dutra na altura de Queimados quando a lei de Murphy agiu, outro pneu furou... Queimados, nove da noite, breu total, ligamos uma, duas, três vezes para o socorro da Nova Dutra e eis que chegam ao mesmo tempo 3 carros para nos socorrer.
Enquanto 4 homens faziam uma força descomunal para tentar arrancar o pneu do carro que pra piorar estava agarrado, eu fazia uma força descomunal para segurar o Zé que estava querendo correr nos canteiros da Dutra.
Sem sucesso na retirada do pneu fomos rebocados para borracharia mais próxima. Já eram onze da noite, frio de julho, fome de retirante e cansaço de escravo. Feita a troca do pneu seguimos viagem, agora é só subir a serra e casa!
Ledo engano, na subida da serra o carro ferve, ficamos parados em uma curva. Meu já amigo Felipe, telefonista da Nova Dutra nos aconselhou a sair do carro por segurança. Saímos e fomos andando até uma daquelas vendinhas para conseguir água, Zé foi me puxando Serra abaixo e graças a Deus fomos atendidos por um senhor simpático que nos cedeu algumas garrafas de água. Quando conseguimos fazer o carro funcionar chegou nosso já conhecido socorrista da Nova Dutra, que deve ter pesando: “Que peleja vivem esses dois”!
Pensamentos a parte seguimos viagem, quase uma da manhã chegamos a Piraí quando o carro: ferve outra vez e não liga mais.
Um frio desesperador, fome, cansaço, madrugada e ainda mais com o cachorro louco.
Paramos o carro perto de um bar, e como de médico e mecânico todo cachaceiro tem um pouco, saíram vários homens de lá para diagnosticar o problema do veículo.
Ouvi muitas vezes a palavra ventuinha e confesso já estava odiando essa peça, sem ao menos saber pra que serve. Não havia mecânico, não havia táxi, não havia hotel que abrigasse um cachorro, e não havia casaco, já tinha congelado.
Até que um dos bêbedos se oferece para nos levar até Valença: “Eu levo vocês e a criança em Valença, fiquem tranqüilos!” A criança a qual ele se referia era Zé, que dormia no banco de trás.
Aceitamos sua proposta, até porque era única coisa que nos restava. Quando tirei Zé do carro o olho do homem esbugalhou, parecia que tinha hipertireoidismo, dei um sorriso amarelo e disse: “Ele é quase uma criança mesmo!”

Além da máxima que tudo pode piorar, meu professor de matemática Bororó também profetizava algumas sábias palavras: “Tudo da certo no final, se não deu certo é porque ainda não é fim”

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