terça-feira, 21 de setembro de 2010

Podres sentimentos cultivados!

O ser humano possui sentimentos e atitudes que pra mim são insuportáveis. A começar pela inveja. Não há no mundo um sentimento tão desprezível quanto esse. Gostaria de poder não sentir a inveja das pessoas, mas sinto. Estranho, né? Não que eu seja uma pessoa muito invejada, mas eu reconheço com facilidade um invejoso. Seus olhares perdidos, seu incomodo por ver o próximo conquistar algo que ela não consegue conquistar, ou que, na maioria das vezes, nem tentou.
A inveja corrói, apodrece, você passa a vida toda cobiçando tudo dos outros, e você mesmo não conquista nada. Logicamente há a invejinha inocente! Como aquelas do tipo: quem me dera tivesse o corpo da Cléo Pires, ou então, como eu queria ser completamente desprendida de coisas materiais como Chico Xavier. Mas há aquela inveja corrosiva, que quando a pessoa te lança um olhar chega a dar medo! Dá aquele arrepio, misturado com um tremelique, que chamo erroneamente de descarga do corpo!

Para ilustrar, uma das mais sábias citações sobre a inveja: “A inveja mata os impuros de coração” (KEY, Kelly/2001)

Outra coisinha que repudio no ser humano é a tal da injustiça, seja ela cometida a qualquer espécie, raça, idade, cor, etc. Chego a tremer de raiva quando presencio uma injustiça.
Há algum tempo atrás saindo do trabalho, presenciei uma triste cena, protagonizada por uma atriz de quinta categoria. Uma velha feia que acha que só porque possui um pouco de dinheiro, pode tratar os outros como lixo. Ela é proprietária de alguma sala do prédio onde trabalho e estava simplesmente humilhando o porteiro. Lógico que o problema dela não devia ser com ele, mas pessoas frustradas agem assim... Não consegui ficar calada diante daquela cena, então quando eu estava quase saindo do prédio, olhei pra trás e exatamente na mesma hora, ela me olhou. Foi a minha chance, não hesitei e soltei: Velha Louca! E fui embora bem rapidinho, não riam, sei que não tenho talento para brigas, então soltei uma ofensa e corri. Sou como aquelas crianças que falam: Boba! E em seguida dão língua.

Domingo passado eu interferi em uma situação que parecia uma injustiça, mas quem quase foi injusta fui eu mesma. Estava em Valença, chegando em casa com minha mãe, quando no meio da rua surgiu o bezerrinho muito fofo. Atrás dele 3 meninos que aparentavam ter de 6 a 8 anos. Um com uma corda e os outros dois com pedaço de pau. Ao passarmos de carro pelo bezerro, notei que ele estava com um machucado no alto na coxa traseira. O ferimento sangrava... Em questão de segundos associei o ferimento aos pedaços de pau que os garotos seguravam e dei um grito: MÃE PARA O CARRO!!!
Minha mãe freou e eu desci como um furacão. Fui pra cima do bezerrinho tentando pará-lo, fazendo sons de beijo (pra quem não sabe, bois atendem por sons de beijo), e ao mesmo tempo comecei a gritar com os meninos!
O que vocês pensam que estão fazendo com esse bezerrinho??? Podem parar de machucá-lo!
Um dos garotos com uma cara apavorada respondeu rapidamente com tons de súplica:
Calma tia! Calma! Foi o morcego!
Eu não tava entendo e continuei falando: parem de machucá-lo já!!! E o garotinho: Não tia, não foi a gente, o morcego mordeu ele! A gente só ta tocando ele de volta pro dono!
Neste momento, a sanidade reapareceu a minha frente e retirou o pano preto que a injustiça jogara em meus olhos. Lembrei então que morcegos são uma triste constante em currais. Lá em casa eles já fizeram várias cabras como vítimas. Pedi desculpas, os aconselhei a cuidar bem dos bichinhos e fui embora...

Dia desses a injustiça aconteceu comigo! Mas como ainda não terminei meu curso de como Não Engolir Sapos em 20 capítulos deixei passar. Entrei no supermercado para comprar um suco, fui para o caixa que estava vazio, paguei e quando estava colocando meu suco na sacola escutei uma voz em tom grosseiro: Ah, olha aí a apressadinha! Rapidamente procurei quem estava falando com quem, e percebi que era pra mim. A velha continuou: Ta com pressa? Eu fiz cara de interrogação?! E ela continuou: Você furou fila! Na mesma hora pedi desculpas, mas realmente vi a fila vazia, e ela sutil como um elefante soltou: Eu devo estar invisível! Eu com toda minha paciência e educação que mamãe me deu respondi: Senhora, mil desculpas, não a vi na fila, se tivesse visto nunca furaria! Minha frase foi acompanhada pela afirmação positiva da Caixa, que também deve ter achado a senhora invisível, porque também não a viu na fila.
Tomara mesmo garota, que você não tenha me visto! Porque eu já desejei muito mal pra você! Berrou a senhora.
Se eu respondi? O que você acha? Lógico que não! Engoli seco, meu olho encheu d’água e fui pra casa pensando como o mundo está precisando de mais amor, ao invés destes sentimentos tão pequenos que os seres humanos cultivam.

Um comentário:

  1. Vivi, a sensação é horrível tanto quando cometemos uma injustiça como qdo somos vítimas dela. Mas acho que vc fez certo de engolir esse sapo. Acho q as pessoas andam tão malucas que procuram conflitos a todo momento só para liberar a agressividade. E tb acho que vc provou ser infinitamente mais madura ao evitar esse embate. Sim, devemos protestar qdo somos humilhados ou mal compreendidos, mas algumas vezes a coisa é tão pequena que não vale a pena. Foi muito bom revê-la e eu fiz esse comentário porque notei que vc hj é muito mais madura e segura do que da última vez que nos vimos. Evitar uma discussão improdutiva com uma velha infeliz é parte disso. Ela que vá fazer yoga ou judô ao invés de descontar sua infelicidade nos outros. Especialmente numa garota jovem, bonita e pra frente como vc é.

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