quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Fiquei pra Titia!

Essa semana recebi por email uma linda notícia: Vou ser titia!
Meu irmão Rafael será um lindo e jovem papai, digo, nem tão jovem assim já que já chegou aos 30! Fiquei tão radiante, não só por nossa família crescer, mas também porque tenho certeza que serei a madrinha do bebê! Mas também fiquei pensativa com a notícia, o tempo passou, Rafa é papai, João Felipe é casado, será mesmo que vou ficar pra titia?
No auge dos meus 25 poucos anos de vida, já posso dizer: Deus como passa rápido!
Outro dia mesmo estávamos nós três brigando por um espaço maior no sofá, voavam vários pés para todos os lados. Eu lógico sempre caia no chão.

Num acesso de fúria enlouquecedora, minha mãe cortou o fio da TV com uma tesoura. A briga desta vez era pelo canal, ela não agüentava mais gritos, devia estar na TPM. O único agravante é que a TV estava ligada na tomada, o que gerou uma pequena explosão e uma tesoura derretida. Quem disse que ter três filhos é mole? Mas com certeza não é pior que ser a caçula de dois irmãos sanguinários.

Mais uma vez a briga começava na sala, Rafael decidiu que João e eu não poderíamos mais conversar durante o Globo Esporte. Falamos até ele se irritar bastante e nos tirar da sala. Fomos para meu quarto, eu já estava na porta, quando João resolveu fazer a última provocação. Rafael arremessou seu chinelo Kenner, que é macio só para os pés, em cima do João. Pegaria na cabeça dele, se ele não tivesse abaixado, sobrou para minha pequena e frágil orelha. Não agüentei e caí no chão, aparentemente eles pensaram que minha orelha também não agüentaria. Ela se tornara uma bola de fogo. Meus pais? Não estavam! A empregada? Em algum lugar longe da gente! Se meus pais souberam disso? Acho que saberão agora.

O chinelo foi pouco perto da pisada que João Felipe me deu por eu não emprestar meu cobertor pra ele. Uma tarde fria, estávamos assistindo TV. Ele decidiu que ele ficaria com o sofá todo e que eu me viraria pelo chão. Peguei um colchão e um cobertor e fui pra sala. Ele determinou: Me da esse cobertor e pega outro pra você! Eu disse: Não! Ele quis puxar, eu deitada segurei firme no cobertor e em sua camiseta! De repente um som de rasgo, ele olhou para camiseta e olhou pra mim, estava rasgada. Ele soltou o cobertor e eu me encolhi como um bicho quando sabe que chegou a sua hora, ele levantou e passou por mim, como se nada fosse fazer. Quando eu relaxei e pensei: Acho que ele viu a bobeira que estava fazendo! Ele voltou e me pisou! No pé? Antes fosse! Foi na cara mesmo! Por isso eu disse que preferia o chinelo!

Eu tinha aquele jogo o War. Aquele viciante jogo que nos mantinha em casa durante as tardes de chuva. Não gostávamos de jogar com o Rafael, mas minha mãe nos obrigava.
Vão achar que ele ganhava todas e por isso não gostávamos de jogar com ele não é?! Muito pelo contrário! Ele perdia todas, nunca conseguia definir uma estratégia para seus objetivos. O problema é que quando alguém ganhava, ele jogava o tabuleiro pro alto, voavam todas as pecinhas pelo chão da sala e eu ficava mais de meia hora pegando uma por uma.

Jogar peteca com ele também era difícil! Sempre João e eu contra ele, já que ele tinha o dobro do nosso tamanho ficava justo. Mas ele roubava muito e quando se irritava dava uma “petecada” na nossa cabeça, na maioria das vezes a “petecada” era em mim.

Mas nada disso fez com que a gente se gostasse menos...

Um dia, Rafael brigou com a minha mãe e me falou que ia fugir de casa. Se enrolou em seu cobertor vermelho e foi embora. Eu entrei correndo, chorando, gritando, e minha mãe nem me deu bola. Eu super preocupada... O achei uma hora depois escondido no quartinho de empregada. Até hoje acho que ele fez aquilo só pra me sacanear!

Este quartinho já foi cenário de muitas histórias, uma vez João e eu nos trancamos lá dentro, jogamos a chave pela janela e depois ficamos gritando a mamãe! Quem apareceu foi o meu pai, que achou que já que havíamos nos trancado lá, deveríamos ficar um pouco mais. Não me lembro bem, mas passamos pelo menos uma duas horas lá dentro. Tivemos a fabulosa idéia de cortar umas batatas e “fritá-las” no ferro de passar... Não deu certo, só fez o castigo aumentar!

É tanta coisa, tanta história, que às vezes parece impossível que tenha acontecido em uma simples infância! Tomara que esse meu sobrinho tenha irmãos e muitos primos! E se nos tempos de hoje, ele tiver metade da infância que nós tivemos, ah com certeza será uma criança muito feliz!

4 comentários:

  1. vejo um cabelo afro nessa foto....haha
    Fico cada vez mais encantado com a simplicidade e carisma das suas histórias.

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  2. haha, adorei! a foto fechou com chave de ouro.

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  4. Ah! Essas "estórias" de meus filhos e que só fico sabendo agora após quase vinte anos deixando-me aliviado e ao mesmo tempo assustado. Aliviado é claro que graças ao Bom Deus tiveram uma infância inesquecível e Assustado se algo tivesse acontecido o quê não me cumparia?
    Beijos do papai que lhe adora.
    Werther

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