sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Minha alma evoluída!

Essa semana ouvi minha sobrinha emprestada, Giovanna, falar: Tia Vivianne, vou fazer um passeio na escola. Vamos para uma fazendinha: conhecer boi, galinha, dar mamadeira pro bezerro.
Aí me lembrei da minha infância, da verdadeira chácara que tínhamos em casa.
Vou tentar falar todos os animais que habitavam o terreno atrás do nosso muro, vamos lá: cães, coelhos, codornas, porquinho da índia, minhocas (sim tínhamos um minhocário), galinhas, gansos, patos, cabras, bodes, sem esquecer as geladas e escorregadias rãs.
Cada bicho desse era especial pra mim, cada nova cria uma felicidade!
Dos cães eu não preciso falar não é?

Tinha um coelho que era o meu preferido, acho que ele nasceu lá em casa mesmo. O nome dele era Cenourinha, será porque né? A gente brincava muito, na verdade eu brincava muito com ele. Ele me arranhava, parecia não gostar. Meu pai tinha razão quando dizia que o coelho qualquer dia fugiria de mim. De certa forma ele fugiu, “pro andar de cima”, mas fugiu. O achei morto na gaiola. Foi triste, me sinto culpada pela morte dele até hoje, talvez se eu não tivesse apertado tanto.

Das codornas o que mais gostava eram os ovinhos!!! Ah quando nasciam bebês codornas, tão pequenos! E os bebês gansos??? Ah que coisa mais fofa! Ficavam dentro de uma caixa com uma lâmpada acessa 24 horas para esquentá-los bastante. Eram pequenos, mas bravinhos. Gansos são cães de guarda com penas e dentes de serra; as pernas da minha mãe que o digam... Elas foram atacadas por um bando de gansos sedentos por suas varizes!
Também já tomei muita corrida de gansos, mas jogava ração de coelho para distraí-los e assim conseguia passar. Um dia quando me debrucei dentro daquele enorme balde para pegar ração, junto vieram 3 ratinhos pretos de brinde. Joguei tudo pro alto e fui aos berros chamar meu avô. Quando ele chegou os ratos já tinham ido embora. E com certeza foram embora me odiando por eu ter os tirado do lugar mais perfeito que eles conseguiram em toda a vida de rato: um balde lotado de ração aonde ainda poderiam cochilar!

Gostava de pegar as minhocas na mão para assustar a Tia Diva, e ninguém conseguia acreditar como eu não tinha nojo das pobres ranzinhas!

Adorava as galinhas, uma em especial, a Urubuzinha. Ela era meio redonda, pretinha pretinha. Gostava de ensiná-la a voar! Eu sei o que vocês estão pensando! Nossa que Felícia essa garota! Eu era mesmo. Ficava de um lado do muro e arremessava a Urubuzinha pro outro lado. Ela caia direto dentro do galinheiro, e eu corria até ela gritando: Muito bem Urubuzinha, quase um passarinho!
Tenho que certeza que se ela conseguisse voar seu destino seria o Japão ou quem sabe Plutão, o mais distante de mim melhor para sua integridade física!

Meu pai vendia leite de cabra! A cidade toda comprava com ele, e eu me sentia orgulhosa de ajudar na ordenha. Todo sábado e domingo eu acordava cedo junto com ele! Depois de quase não conseguir tomar o café com leite fervendo que ele me dava, íamos até os bichos e alimentávamos todos. Depois ele moía o capim, confesso que sempre fiquei tensa nessa hora, porque meu pai sempre contava a história de um homem que havia moído o braço junto com o capim. Ficava com meus olhos presos nos braços deles e super aliviada depois que acabava o processo. Enfim moído, era só misturar o capim ao farelo e servir o banquete às cabras. Prendíamos suas cabeças no coxo e começávamos a ordenha! Era a parte mais legal do fim de semana, pelo menos para uma criança de sete anos completamente apaixonada por bichos!
Um dia presenciei meu pai matar uma cabra, foi muito triste pra mim. Você comer carne é completamente diferente do que ver matarem um animal e depois você o comer, deu pra entender?

Quando era adolescente tive um peixe, o Fulano. Ele era muito solitário, então compramos a Ciclana. Fulano bateu em Ciclana até ela morrer. Depois disso se suicidou, acho que foi arrependimento ou então ele tinha algum distúrbio. Só sei que ele pulou do aquário direto pra morte!

Ganhei uma maritaca uma vez, o Brother, meu pai o achou caído perto de um barranco e o levou pra casa. Era muito bom dar mingau de fubá pra ele e ver seu papo crescendo com se fosse um balão! Ele sabia mandar beijo, e...e...e mais nada! Nem “curupaco meu loro” ele sabia falar!

Acho que as pessoas que amam animais já nascem com esse sentimento, mas com certeza meu pai sempre facilitou meu contato com eles. Embora minha mãe preferisse que eu brincasse de boneca no meu quarto ao invés de passar o dia inteiro tentando que as galinhas comessem urucum* e pegando 5 bernes na cabeça!

Um dia eu li que pessoas que amam os animais têm a alma evoluída, e falando sério se isso não for verdade deveria passar a ser!



*Arvoreta de até 10 metros de altura, dá floresce e dá frutos espinhudos de até 3 cms em janeiro/fevereiro e junho/agosto. Dentro dos frutos se encontram as sementes que podem ser verdes ou vermelhas. Para cultivo, semear em sacos e transplantar após 4 a 6 meses da germinação, à distância de 5 metros. Frutifica após 3 anos. Gosta de sol pleno, clima úmido, solos férteis e ricos em matéria orgânica; E NÃO SERVE DE ALIMENTO PARA GALINHAS!!!

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Meu cão e seu espírito zombeteiro!

Essa semana na produtora gravamos um CD de orações, muito bonito por sinal. O homem que gravou é um médium, aliás, eu adoro quando ele vem aqui. Parece que ele trás uma energia boa, uma paz, algo assim. Além da espiritualidade humana, ele acredita que os animais também possuem alma, só que ainda estão em um processo de evolução inferior ao nosso. Falando sobre isso, ele me disse que também tem um golden, o Shiva. Disse que o cão é acompanhando por espírito muito bom e que tem o poder da cura.
Fui pra casa pensando nisso. Se o cão dele tem um espírito que o acompanha, por que o Zé também não pode ter? Logicamente que para todas suas loucuras deve se tratar de um espírito zombeteiro, de bom coração, mas zombeteiro.
Faz muito tempo que não levo Zé para mergulhar no Arpoador. A última vez que estivemos lá não foi muito legal.
O dia estava lindo, típico sábado de sol carioca. Depois de muita luta, consegui colocar a coleira no Zé e lá foi ele me levar pra passear.
Quando chegamos à pedra avistei duas conhecidas minhas que estavam dentro da água com seus respectivos cães. O local onde elas estavam era exatamente o lugar que Zé costuma cair. Então fiquei segurando o côco na mão, esperando que elas saíssem da água. Zé começou a ficar nervoso, rodava em volta de mim, babava, latia e olhava fixo pro côco. Ele parecia falar com olhos: Joga logo esse côco, vamos estou com calor!!! Mas eu o olhei mais fixamente ainda e disse: Calma! Não vou jogar agora, não ta vendo que tem gente ali?!
Foi tudo tão rápido que nem tive tempo de reagir. Ele me olhou com uma cara do tipo: Ah é, não vai jogar? Beleza, eu pulo mesmo assim. E lá foi ele, fazendo jus ao apelido de Bode Louco.
Se quem sabe ele pulasse no mar como os outros cães não teria problema. Os cães normais descem até o finzinho da pedra e calmamente entram na água. Já o Zé... Ele saí correndo, da um salto de mais de um metro e caí feito um jaca explodindo água pra todos os lados.
E foi exatamente isso que ele fez. Como tem 40 kg com o salto que deu deve ter caído na água com 80 kg. Milagre, a moça que estava de costas para pedra afundou bem na hora que Zé cairia em cima da sua cabeça. Deus foi bom pra mim e pra ela naquele momento. Ela perderia a cabeça e eu a liberdade. Mas mesmo que ela tenha abaixado, não escapou de levar uma patada em cima do olho, que ficou um pouco inchado.
O que eu fiz? E eu lá tinha alguma coisa pra fazer? Só pude gritar e lamentar pelo olho dela. A minha sorte é que ela me conhece e conhece o Zé também. Sabia mais ou menos do que ele era capaz, então só me olhou com uma cara do tipo quero afogar você e seu cachorro, fora isso ficou tudo bem.
Zé saiu da água e já peguei a coleira pra levá-lo embora. Não tinha mais cara, nem pressão arterial pra ficar ali. Quando estou tentando colocar a coleira no Zé fui distraída por uma moça que chegou com uma linda Yorkshire na coleira. A moça estava procurando outra moça que também leva sua Golden para mergulhar ali. Mas a moça não estava lá.
Enquanto eu conversava com a mulher, Zé subiu as pedras. Quando eu o avistei dei um grito: Zé volta já aqui. Bom garoto, na mesma hora ele voltou. Mas voltou novamente como um Bode Louco. Possuído pelo seu espírito zombeteiro, que com certeza joga na cara dele um pano preto, que faz com ele corra sem nada ver a sua frente. O grande problema é que entre mim e ele havia a moça e sua pequena cadelinha. E no meio delas havia a guia de metro da cadela que estava toda esticada. Foi ali, exatamente ali, no meio da guia de metro que meu cachorro passou.
O que eu fiz? O que eu poderia fazer? Gritei, ou melhor, gritamos. A dona da cachorra, eu, a cachorra e os presentes.
Tadinha! Ficou toda enrolada na guia de metro. Sua coleirinha peitoral subiu para os olhos e ela por alguns instantes ficou cega. A dona pegou a cadelinha no colo numa atitude desesperada de sair dali. Eu muito sem graça, segurando o Zé, pedindo desculpas. E ela só repetia: Tudo bem não foi nada, preciso ir embora.
O problema é que a cadelinha continuava cega, então eu perguntei para moça me fazendo de boba: Essa coleira se usa assim mesmo, tampando os olhos dela?
Segundo grito: Ahh meu Deus!!!
Ela foi embora arrumando a coleira da cachorrinha.
Olhei para os presentes que olhavam para mim e para o Zé. Coloquei a coleira nele e disse em tom de brincadeira: Vamos embora, duas tentativas de assassinato está de bom tamanho para um dia só!
E lá fomos nós: Zé e eu, e mais atrás trazendo o côco, o seu espírito zombeteiro!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O valor da dor!

Dor! Palavrinha pequena, mas de grande efeito! E coloca efeito nisso!
Uma dor de barriga, por exemplo, tem efeitos catastróficos. Ela sempre tende a piorar quando o banheiro vai chegando mais perto.
Dor de garganta! Putz essa é ruim! E eu tenho gabarito pra falar, já que bati o record da garganta inflamada. Uma infecção a cada 15 dias.
Dor de ouvido! Putz e grila (que expressão bizarra), dor no ouvido é de matar! E o pior é que ela é mais comum em bebês e crianças! Dor malvada!
Acho que minhas inflamações de garganta foram responsáveis por 40% das dores que senti na vida! Depois da operação ainda doeu mais ainda!
Minhas queimaduras no acidente da igreja... Acho que 10%.
Minha queda na piscina mais 5%, nem me lembro se doeu.
Em geral minhas dores físicas sempre foram suportáveis, o ruim mesmo é quando dói o coração! Sim, ta bem, não exatamente o coração, mas dói dentro do corpo, sei lá parece que a alma dói.
Minha primeira grande e relevante dor no coração foi quando, covardemente, mataram minha cachorrinha a Lady. Eu tinha 10 anos, fiquei tão arrasada! Ela era a paixão da minha vida! Na época acho que ela andou matando algumas galinhas e então a mataram.
Lembro até hoje do meu pai me contando, doeu muito!
Minha segunda grande dor foi quando meu pai saiu de casa. Pareciam que estavam arrancando um pedaço de mim. E olha que ele não estava indo embora pra sempre, como foi o caso da Lady, só estava mudando de cidade. Foi o suficiente para doer como se junto com ele tivessem levado meu braço direito.
Anos mais tarde, João Felipe decidiu seguir o mesmo caminho do meu pai e leva embora meu braço esquerdo.
Depois chegou a minha vez de sair de casa, a saudade que eu sentia da minha mãe corroía minhas pernas! Com o tempo você passa a administrar a dor, e aos poucos seus membros vão se regenerando. Até porque mais na frente você vai enfrentar outro tipo de dor e vão levar o que de você? Seu fígado? Seus rins? Não pode né!
Se bem que há um ano e meio levaram meu coração, e o quebraram todinho. A pior coisa é que quando to colando o último pedaço a pessoa volta e faz questão de quebrar novamente! Mas desistir de deixá-lo inteiro jamé!
As dores fazem parte da vida, as físicas e as da alma. E ao mesmo tempo em que doem ensinam! A gente valoriza mais! Seja a amídala ou seu braço direito. Você se valoriza e valoriza as pessoas.
Aí que mora a beleza da vida, tirar da dor o aprendizado e capacidade de se regenerar!
Uaulll linda frase!!! Vou anotar e colocar no site pensador rsrs.