Nunca fui uma menina de namorar, todas as minhas amigas já haviam tido algum namorado, nem que fosse por um mês. Eu não. Durante toda minha adolescência sempre tive casinhos, ficantes, rolos, problemas e aporrinhações. Mas namorado não.
Meu primeiro namoro sério e concreto começou aos 19 anos, não me lembro de ter durado mais de 4 meses. Depois voltei aos casos, ficantes, rolos, problemas e aporrinhações. Assim como na adolescência, durante a faculdade todas minhas amigas tinham namorado. As que não estavam namorando, haviam terminado recentemente. Eram tantos namoros promissores que eu me pegava pensando: Que droga se o buquê do casamento da Manu não der sorte eu to ferrada!
Para quem não conhece a Manu, nem a história do buquê, vou contar:
Manu estudou comigo na faculdade, casou-se no primeiro ano, eu tinha 18 anos, acho que ela também. Algumas pessoas da sala foram convidadas para o casamento, eu uma delas. Foi lindo, ela estava linda, a festa ótima. Bebemos muito ou eu bebi muito, não me lembro bem...
É chegada a hora do buquê, a mais tensa entre as mulheres. As acompanhadas querem pegar com tentativa de pressionar seus atuais parceiros... As solteiras querem pegar, porque... Bem acho que pra ficarem menos deprimidas!
Modéstia a parte, sempre fui especialista em pegar buquês! Meu primeiro buquê foi aos 10 anos, no casamento da manicure da minha mãe. Fiquei tão feliz, pulando com o buquê na mão. Meu sorriso se dissipou mediante aos olhares mortais que recebi das donas encalhadas, elas queriam me fuzilar!
“Não valeu, não valeu! Joga de novo, joga de novo! Ela é só uma criança” – Gritava o coro das solteiras ensandecidas.
Pressionada, a noiva veio em minha direção com um sorriso amarelo e me tomou o buquê. Minha mãe não deixou eu entrar na disputa novamente. Fiquei sentada na mesa observando com uma raiva danada daquelas encalhadas, que nem pra pegar buquê tinham talento, quanto mais um marido!
Voltando ao casamento da Manu. Uma dica: quem quer pegar o buquê tem que ficar na frente, a noiva nunca joga longe demais, as mulheres não tem força pra isso e geralmente já beberam um pouco... Mas esse não era o caso da Manu, porque até onde eu sei, ela não bebe!
As mais desesperadas, Samara e eu, solteiras convictas, nos posicionamos na frente! Pensei por um minuto, perdi! A Samara é bem mais alta que eu: vai pegar! Me concentrei e fiquei olhando só pro buquê, até que... peguei!!!
“Ei Samaraaa, solta!!! Eu peguei!!!” gritava eu, parecendo muito com aquelas encalhadas que vi no casamento da manicure.
Samara falava entre dentes: “Não vou soltar, não vou”
Agora julguem como quiserem, mas eu peguei o cabo do buquê, já Samara pegou as flores!!! Quem pegou afinal? Lógico que foi eu!!!
Samara soltou, eu fiquei bastante feliz com o meu buquê e pensando agora falta pouco!
Quando terminei a faculdade conheci uma pessoa, fomos morar juntos, felizes e apaixonados. Me lembrei do buquê da Manu, cheguei a enviar um recado pra ela dizendo que o buquê havia me dado sorte! Ai que vontade de rir!!!! Mal sabia que da mesma forma do buquê, os relacionamentos murcham e o meu não teve outro destino!
Mas da mesma forma que as flores murcham e crescem novamente, eu cresci... E como diria nossa querida Cecília Meirelles: Voltei inteira! Pronta pra pegar outro buquê... Logicamente um buquê que dê mais sorte ou então que dure mais ou quem sabe ainda que me faça sofrer menos!
Há um ano atrás meu irmão se casou! Quem diria João Felipe, meu Fefe, casado! Sim senhores e um ótimo marido, diga-se de passagem! O casamento foi lindo, a festa também... Novamente não me lembro muito dos detalhes porque havia bebido um pouco.
É chegada a hora do buquê, fiquei pensativa, será que valeria a pena passar por tudo aquilo novamente? Não, não, quero mesmo é pegar o sapo! Agora nos casamentos eles jogam ursinhos de sapo ou de Santo Antonio, enfim não tinha intimidade na disputa do sapo e acabei perdendo...
Agora sim, o famigerado buquê! Não, não vou pegar! Vou ficar aqui na minha, deixe pra outra pessoa que nunca pegou... Eis que a noiva lança o buquê e ele cai nas mãos de um menino de uns 08 anos, que estava bem atrás dela! As solteironas ensandecidas (presentes em todo casamento) fizeram coro do não valeu! O menino não tinha mesmo interesse no buquê e o jogou pra longe! Sim, se vocês pensaram que o buquê veio parar exatamente na minha mão, pensaram certo! Será um destino? Será um sinal?
Até agora nada... Quando eu tinha 15 anos achava que com 26 eu já teria uns dois filhos! Afinal foi assim com a minha mãe! Hoje aos 26 anos continuo na mesma situação da minha adolescência: casos, ficantes, rolos, aporrinhações e problemas. Sinceramente? Se todos os relacionamentos promissores de todas as minhas amigas tanto de adolescência, quanto de faculdade tivessem evoluído para um casamento, acho que eu estaria mais desesperada, mas como estamos todas no mesmo barco, solteiras convictas e assumidas, fico mais calma!
Achar uma pessoa especial não é tão fácil quanto pegar um buquê. Requer mais talento que isso. Não é apenas se posicionar, empurrar uma ou duas loucas e gritar: soltaaaa! É bem mais complexo, como não sei a fórmula e acho que ninguém sabe, continuo aguardando...Ah mas se por um acaso alguém souber, eu troco por um buquê!